Quando um casal decide ter filhos, é natural que ambos pesquisem bastante sobre o assunto, como técnicas de amamentação e medidas de primeiros socorros. Porém, mesmo com todo esse cuidado, infelizmente não é possível evitar todas as questões que podem afetar os pequenos, como é o caso do câncer infantil.
A Dra. Giovanna Chinelli Teixeira, oncologista pediátrica do CHN, explica como o diagnóstico precoce é importante para o desfecho positivo desse tipo de quadro e fala da importância de estar sempre em dia com as consultas ao pediatra e atento às possíveis mudanças de comportamento das crianças.
O que é o câncer infantil?
O câncer infantojuvenil é definido por um conjunto de patologias oncológicas que, pela Classificação Internacional do Câncer Infantil (CICI), é dividido em doze grupos de doenças que acometem jovens entre 0 e 19 anos. Dentre os diagnósticos mais frequentes, as leucemias agudas lideram o ranking, seguidas pelos tumores de sistema nervoso central e os linfomas.
As neoplasias infantojuvenis correspondem a 2-3% de todos os diagnósticos de câncer. Embora possa ser classificado como evento raro, a estimativa global aproximada de novos casos fica em torno de 413.000 por ano (ATUN, 2020), sendo 8.500 deles no Brasil (INCA 2019).
Com a redução da letalidade por doenças infectocontagiosas nas últimas décadas, o impacto dos óbitos por câncer entre crianças e adolescentes aumentou e, hoje, ocupa o primeiro lugar de mortalidade causada por doenças, sendo precedida exclusivamente por causas externas - como acidentes.
Diferenças do câncer entre adultos e crianças
A exposição a fatores de risco influencia – a médio e longo prazo – no desenvolvimento de patologias oncológicas em adultos. No entanto, o surgimento do câncer infantojuvenil decorre de um processo cancerígeno diferente e muito mais curto, que se dá pelo fato de as células (conhecidas como embrionárias), mais predominantes entre a faixa etária, apresentarem multiplicação acelerada, mas também rápida resposta quando tratadas.
Linhas de cuidado
A sequência da linha de cuidados consiste na identificação de patologia através do reconhecimento precoce dos sinais e sintomas, que permitem a definição do melhor tratamento.
No câncer infantil, somente um pequeno grupo, menor que 0,5% dos casos, apresenta condições que predispõem o desenvolvimento de neoplasias. A imensa maioria dos casos não possui um fator de risco bem estabelecido. Por esta razão, priorizar o diagnóstico precoce por investigadores atentos e conscientes dos principais sinais e sintomas, aliado ao direcionamento para serviços especializados quando houver suspeita, são as melhores formas de enfrentar o câncer infantojuvenil.
Profissionais capacitados, que conheçam e saibam identificar as manifestações mais comuns, reduzem os desfechos desfavoráveis. O diagnóstico precoce também é potencializado pelo olhar atento do médico não oncologista.
Quais são os sintomas do câncer infantil?
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Febre persistente;
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Perda de peso;
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Manchas roxas;
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Massas palpáveis em qualquer parte do corpo;
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Dor de cabeça e vômitos;
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Fraqueza;
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Reflexo branco nos olhos;
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Palidez inexplicada.
Além do reconhecimento destas manifestações, fluxos bem estabelecidos de direcionamento para serviços de alta complexidade são capazes de otimizar o diagnóstico adequado e o seguimento ao cuidado oncológico especializado. Quando não realizado de maneira eficaz, influencia na carga de doença no momento do diagnóstico e, consequentemente, a criança inicia o tratamento quando o quadro está mais avançado.