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Sintomas antes da convulsão: o que é aura e como se preparar

Sente tontura, ansiedade ou sensações estranhas e teme uma convulsão? Aprenda a identificar os sintomas de aura e pródromo para agir com segurança.
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Equipe CHN - Equipe CHN Atualizado em 01/12/2025

Aprender a identificar os sinais que precedem uma crise convulsiva, como a aura, é fundamental para garantir a segurança do paciente.

Uma sensação estranha surge do nada. Talvez seja um cheiro que ninguém mais sente, uma tontura súbita ou uma onda de ansiedade sem motivo aparente. Para muitas pessoas com histórico de epilepsia ou transtornos convulsivos, esses não são eventos aleatórios, mas sim os primeiros sinais de que uma convulsão está prestes a começar.

Estudos indicam que, antes de uma convulsão, o cérebro passa por mudanças. Pode haver uma diminuição na forma como suas regiões se comunicam, conhecida como 'conectividade funcional', o que serve como um sinal de alerta. Além dessas mudanças, padrões elétricos específicos, chamados de 'explosões pré-ictais', podem surgir, indicando a iminência de uma crise.

Compreender esses sintomas precursores é uma ferramenta poderosa. Eles funcionam como um alarme natural, oferecendo um tempo valioso para que o indivíduo ou seus cuidadores possam tomar medidas de segurança antes que a crise se instale plenamente.

O que se sente antes de uma convulsão?

Os sinais que antecedem uma convulsão são agrupados em duas fases distintas: pródromo e aura. Embora por vezes usados como sinônimos, eles representam momentos e experiências diferentes no período que leva a uma crise. É importante notar que nem todas as pessoas vivenciam essas fases.

Diferenciando pródromo e aura

O pródromo pode ocorrer horas ou até dias antes da convulsão. Trata-se de um conjunto de alterações sutis no humor e no comportamento, que podem ser difíceis de associar a uma crise iminente. Familiares e cuidadores atentos podem ser os primeiros a notar essas mudanças.

A aura, por outro lado, acontece segundos ou minutos antes da perda de consciência ou dos movimentos convulsivos. Tecnicamente, a aura já é considerada o início de uma convulsão focal, onde a atividade elétrica anormal ainda está restrita a uma pequena área do cérebro. A experiência da aura é única para cada pessoa e tende a ser consistente a cada episódio.

É importante notar que nem todas as pessoas vivenciam essas fases. A fase que precede uma convulsão, conhecida como pré-ictal, é complexa de ser identificada, pois não apresenta sinais clínicos padronizados nem padrões que sejam facilmente detectáveis de forma recorrente.

Sinais e sintomas comuns da fase de pródromo

Os sintomas prodrômicos são mais gerais e podem incluir:

  • Irritabilidade ou alterações de humor;

  • Dores de cabeça;

  • Dificuldade de concentração;

  • Ansiedade ou agitação;

  • Fadiga ou alterações no sono.

Por que esses sinais de alerta acontecem?

Tanto o pródromo quanto a aura são manifestações diretas de uma atividade elétrica cerebral anormal, que é a base de todas as convulsões. A aura, em particular, ocorre quando uma descarga elétrica excessiva começa em uma área específica do cérebro, como o lobo temporal (frequentemente associado a auras emocionais e olfativas) ou o lobo occipital (ligado a auras visuais).

A natureza dos sintomas da aura pode, inclusive, fornecer ao neurologista pistas importantes sobre a localização da origem da convulsão no cérebro. Por isso, descrever detalhadamente essa experiência durante a consulta médica é de extrema importância.

O que pode desencadear uma convulsão?

Embora a causa fundamental seja a predisposição do cérebro à atividade elétrica anormal, certos fatores, conhecidos como gatilhos, podem aumentar a probabilidade de uma crise em pessoas suscetíveis. Identificar e manejar esses gatilhos é uma parte crucial do tratamento.

Os gatilhos mais comuns incluem:

  • Privação de sono ou cansaço extremo;

  • Estresse físico ou emocional elevado;

  • Uso de certos medicamentos ou esquecimento de tomar o anticonvulsivante;

  • Febre alta, especialmente em crianças;

  • Estímulos luminosos intermitentes (fotossensibilidade);

  • Alterações hormonais, como durante o ciclo menstrual.

Como agir ao identificar os sintomas pré-convulsão?

Reconhecer uma aura ou os sinais de pródromo é a chave para a segurança. Ao perceber que uma convulsão pode estar próxima, a pessoa deve agir rapidamente para minimizar os riscos de ferimentos.

  1. Pare imediatamente o que está fazendo: se estiver dirigindo, cozinhando ou operando máquinas, pare na mesma hora.

  2. Procure um local seguro: deite-se ou sente-se no chão, longe de objetos pontiagudos, móveis ou escadas. Se estiver em público, afaste-se de ruas movimentadas.

  3. Afrouxe roupas apertadas: especialmente ao redor do pescoço, como gravatas ou lenços, para facilitar a respiração.

  4. Avise alguém: informe a uma pessoa próxima o que está acontecendo para que ela possa ajudar, se necessário.

  5. Adote uma posição segura: se possível, deite-se de lado para evitar a aspiração de saliva ou vômito caso a convulsão evolua.

Além desses sinais, uma prática recomendada por especialistas é manter um diário de convulsões. Anotar a data, a hora e os sintomas sentidos antes, durante e após cada crise ajuda a identificar padrões e gatilhos, fornecendo informações valiosas para o médico.

Apesar dos desafios na identificação desses sinais, a tecnologia e a pesquisa estão avançando. Novas pesquisas indicam a possibilidade de identificar automaticamente mudanças cerebrais sutis antes de uma convulsão. Essa abordagem é particularmente promissora para crianças, que muitas vezes não conseguem descrever auras ou outros sintomas precursores.

Quando é necessário procurar um médico?

A presença de sintomas que antecedem uma convulsão sempre requer avaliação neurológica. O acompanhamento médico é indispensável para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento eficaz.

Procure ajuda médica imediatamente se:

  • Ocorrer a primeira crise convulsiva da vida;

  • A convulsão durar mais de cinco minutos;

  • Houver dificuldade para respirar ou a pessoa ficar azulada (cianose);

  • Ocorrer uma segunda convulsão logo após a primeira;

  • Houver ferimento durante a crise;

  • A pessoa não recuperar a consciência normal após o término da convulsão.

Para quem já tem diagnóstico de epilepsia, é importante relatar ao neurologista qualquer mudança no padrão das auras ou na frequência das crises. A comunicação aberta com o especialista é a melhor forma de controlar a condição e manter a qualidade de vida.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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